Já não sou poliamorosa. E não faz mal

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Deixei de ser poliamorosa. Para que fique já claro: não me identifico mais enquanto tal. E não, não estou a dizer que agora me identifico como não-monogâmica ou anarquista relacional ou qualquer outro termo de descrição de identidades relacionais alternativas – como muita gente tem vindo a fazer, desidentificando-se com aspectos problemáticos do poliamor, da sua literatura, dos seus gurus, dos seus aspectos abusivos, das suas comunidades. Não. Estou a dizer que – neste momento – não me identifico nem como poliamorosa, nem como não-monogâmica.

Virei monogâmica?

A resposta mais honesta que tenho é: não faço ideia. Terminei todas as relações em que estava no último ano. Há meio ano que não estou em nenhuma relação amorosa, ou melhor dizendo, como bem lembra o meu psicólogo: estou numa – comigo mesma.

Foi esta relação comigo mesma, que tenho vindo a recuperar da deterioração total, que me ajudou a ir pegar em coisas que se tornaram, discretamente, com a erosão do tempo, verdades imutáveis sobre mim.

Quem me conhece, e conhece a minha vida dos últimos anos, ou mesmo quem faça uma breve pesquisa por poliamor em Portugal no Google, verá e reconhecerá o meu nome em muitas entrevistas, reportagens, estudos, investigações académicas, tertúlias, debates, marchas. Dei a cara, o nome, a voz pela visibilidade do poliamor – a orientação relacional que escolhi e que foi a minha durante sete anos.

Hoje, esta orientação já não é mais a minha, portanto desconectemos Inês de Poliamor, de PolyPortugal, e de seja o que for que sejam seus sinónimos. Desconectemos Inês de não-monogamias de qualquer espécie que seja. Caramba, que alívio dizer isto! Que alívio e que difícil foi chegar a este ponto, que difícil foi para mim admitir que eu não sou esta bandeira e se calhar nunca vou ser, não sei. Considerem isto um coming-out ao contrário, ou uma destruição de todas as identificações perpétuas. Tudo é efémero, vivemos vidas efémeras, as nossas identidades são também efémeras, como o são as nossas relações e contextos. A vida é fluida, é mudança constante, mesmo que não notemos, como é que querem que a identidade não seja? O que eu queria aos 16 anos não é o que eu quero agora, salvo alguns sonhos, esses que ficam toda uma vida, crescendo connosco. Eu mudei, as minhas identidades mudam comigo, até os sonhos se transformam e ganham outros contornos, outras profundidades.

Levei muito tempo a perceber o que se passava comigo, e ainda estou a tentar perceber. Levei ainda mais tempo a conseguir escrever um texto como este, tão em profunda contradição com tudo o que escrevi durante anos. Levei ainda mais tempo a sequer considerar a ideia de que não ser poly não revelava nada de negativo sobre mim. Que não representava um enorme falhanço. Que nada dizia sobre mim enquanto pessoa. Que não sou menos por dizer: sim, fui poly. Não, não gostei. Não, não acho que toda a gente deva ser. Não, por favor, não me considerem mais poly, porque isso não sou eu. Não, paremos com as piadas sobre monogamia, ou seja o que for, porque para mim já não tem piada. Joke’s on me.

Demorei ainda mais tempo a parar a minha própria voz interior que me dizia que sou uma enorme contradição. Que estive sete anos a perder tempo. Que se não sou poly, que foi a parte mais visível das minhas identidades nos últimos anos, não sei quem serei. Que falhei. Que não sou suficientemente feminista para fazer as coisas de forma desconstruída e não-normativa.

Só que, percebi após muita terapia, muita conversa com ouvidos e vozes empáticas que:

Eu não tenho que ser coisa nenhuma.

Não tenho que ser revolucionária. Não tenho que ser desconstrutiva em tudo. Não tenho que lutar impiedosamente contra todos os clichés. Não tenho que fazer tudo de forma diferente. Não tenho que provar nada a ninguém. Não tenho que tentar alcançar um qualquer ideal de amar mais feminista que outros.

E, acima de tudo isto, não tenho que fazer nada disto a custo de sofrimento, de dor, de auto-sacrifício, de ansiedade.

Não, nenhum ideal vale o meu bem-estar mental e emocional. Nenhuma forma desconstruída de viver vale a minha saúde mental. Nenhuma luta contra a normatividade deve implicar a minha segurança emocional. E nada deve implicar o combate profundo que fiz à forma como sinto as coisas e como amo, em nome desse ideal.

Infelizmente, e de uma forma bastante reveladora, a literatura poly – com os seus livros de auto-ajuda, os seus artigos repletos de técnicas, conselhos, casos práticos – alimenta de forma quase perfeita o ciclo de auto-destruição em que me meti. Porque eu tinha um ideal, a forma que para mim era a maneira mais bela de amar: sem posses, sem ciúmes (ou trabalhando sobre eles), infinita, expansível, inesgotável. Intelectualmente, para mim tudo fazia sentido. As pessoas não são coisas, não temos que controlar com quem andam as pessoas que amamos, elas devem ser livres para amar toda a gente e nós também. É, potencialmente, anti-capitalista, anti-normativo, um combate à visão de escassez de amor, um combate às prisões e grilhões da exclusividade e da figura do casal que se fecha sobre si mesma. Sim, tudo isto, ninguém sabe o discurso melhor que eu, que o li, estudei, decorei, durante anos. Convenci-me que, se eu tinha dificuldades, o problema era meu. Eu é que não estava a ser desconstruída o suficiente, eu é que não estava a fazer todos os possíveis por lidar com a insegurança, com o medo, com a ansiedade, com os ciúmes. E se não estava a conseguir, então só tinha que tentar mais, ler mais, experimentar mais, colocar-me precisamente nas situações que me metiam medo, enfrentar o medo, ler mais um artigo, escrever mais um texto, ficar presente com o que estava a sentir, falar mais com os parceiros, tentar de novo, relativizar, tentar, tentar, uma, outra vez, de novo, mais um ano, mais um dia, tenta, tenta, tenta, vais conseguir, um dia vai doer menos, hoje doeu menos, bolas hoje doeu mais outra vez, é assim, a vida é assim, ninguém disse que isto era fácil, oh bolas, isto é lixado, mas okay, vamos tentar, vamos continuar, dia após dia após dia após noite após dia, eu consigo, eu sou feminista, nem sempre é mau, há mais uma técnica nova, eu consigo aprender.

Até

à exaustão total.

Uma coisa importante que as pessoas que dizemos normais e que são monogâmicas talvez saibam (porque não têm toda esta terrível literatura) e que as pessoas poly parecem ter esquecido:

uma relação não é suposto ser um trabalho.

Ouviste, Inês?

Ora, pois bem. Uma relação não deve ser ou implicar tanto trabalho. Uma relação não é um conjunto de ferramentas para lidar com a situação X, de forma a superar Y para poder continuar a fazer W. Não. Isto é uma fórmula matemática qualquer, suponho, não percebo nada de matemática, muito menos com letras. Isto parece-se mais com um problema de gestão. Mas eis mais uma coisa que uma relação não é suposto ser: um curso de gestão. Um mestrado em gestão aplicada ao quão lixado é o dia-a-dia não-monogâmico. Uma relação não é sequer suposto ser difícil. Ou lixada. E se é, então estou muito bem assim sozinha, obrigada.

O problema é que, durante muito tempo, eu achei que tinha que aprender a fazer isto. Se fazia sentido para a minha cabeça, se havia lógica e se eu entendia tudo e acreditava que isto era a forma mais bonita de amar, então eu tinha que conseguir sentir e amar assim, não é? É. Eu tentei. Juro que tentei. Juro que consegui também – algumas vezes. Mas ter que conseguir estar feliz numa relação é um problema em si mesmo, certo? Se cada passo é difícil, se há coisas que mesmo sete anos depois continuavam a ser difíceis e sem sinais de passarem a ser mais simples ou fáceis ou, sei lá, simplesmente não doerem demasiado, e se cada vez que se repetia um tipo de situação com uma nova pessoa era como se voltasse a ser tão horrível como da primeira vez, que sentido há nisto? Eu achava que havia sentido, por isso continuava sempre. Não terminei as minhas relações por não querer mais ser poly, mas quando as terminei percebi que não queria mais ser poly, que na verdade se calhar nunca fui. Eu pratiquei muito poly. Estive com pessoas que foram poly. Vivi numa família poly. Mas eu, o meu coração, alguma vez foi poly? Não sei. Apaixonei-me duas vezes na vida. De forma sequencial. Portanto não. O meu coração nunca foi poly. Amei mais do que uma pessoa ao mesmo tempo, sim. Mas quantas pessoas podem dizer que só amam um único ser no mundo? Isso não as faz poly. Poly, como o aprendi a fazer e como o estudei nesses mil livros que li, cada um deles mais iluminado que o anterior, ou mais desconstruído, poly era um conjunto de coisas que é necessário processar, desmontar e uma série de aptidões a adquirir, a pôr em prática, a treinar, implementar, concretizar, verificar. Executar. Até à exaustão. Executando-me a mim mesma, relegando para menores as coisas que eu sentia, considerando sempre que eu é que tinha que melhorar, que uma melhor versão de mim estaria do outro lado do poly, que eu estava a trabalhar para essa nova, melhor, versão de mim, que eu era um progresso nesse sentido.

E, no meio disto, estive em ansiedade, estive sozinha, chorei, fiz a minha insegurança passar por testes terríveis e quase impossíveis de não chumbar, fiz coisas que me deixaram desconfortável, que preferia ter feito de outro modo, mas fiz porque queria ser melhor, queria estar ao nível do poly, dos meus parceiros que eram tão facilmente mais poly que eu sem quase esforço algum. Quando tudo para mim era esforço, era superação constante. Que bonita jornada pessoal. Só que não. O preço foi demasiado alto e um dia eu quebrei. E percebi que, para já, isto não é para mim. Não digo nunca – não faço ideia das voltas que a vida vai dar. Nunca me imaginei poly e um dia era. Depois, nunca me imaginei sem ser poly e agora já não o sou. Amanhã, não sei. Não faz mal. O que faz mal e o que fez mal foram anos a pensar que tinha que ser, que tinha que tentar, que eu é que era o problema.

Mas o problema não sou eu. O problema é acharmos que tudo se resolve com um conjunto de aptidões, que tudo o que é desconforto pode ser trabalhado, que o que custa vai sempre melhorar – em detrimento do bem-estar, da sanidade mental, e do sentir de cada um. Como se o meu sentir estivesse errado e o dos meus parceiros estivesse certo, só porque eles eram mais facilmente poly que eu!

O que eu percebi, sete anos depois é que nem tudo deve ser enfrentado. Não. Não devemos colocar-nos em todas as situações porque temos que conseguir lidar. Sendo mais clara: não, não tenho que ser amiga de todas as pessoas que estão com a pessoa com que estou. E não, não tenho que tentar. E não, não tenho que ver e estar okay e não, não tenho que me sentir feliz porque a pessoa que amo se apaixonou por outra. Especialmente, se isso me custa a minha saúde mental. Se isso me trouxe horas de esforço emocional, de conversas intermináveis, de processos que não desejo a ninguém. Há um lado muito difícil no poly, que se tenta dourar com conversa sobre comunicar e ser honesto. Não há honestidade que te salve de te sentires a morrer quando vês a pessoa que amas a beijar outra. E não tens que estar okay com isso se não estás. E não és menos se compersão – essa palavra terrível que sempre me fez pensar em com-pressão (e que adequado que agora me soa!), mas que é suposto significar todos aqueles sentimentos bons, lindos, maravilhosos, que deves ter quando a tua parceira está com outra pessoa – não é a tua primeira resposta. Conto pelos dedos de uma mão as vezes em que senti uma profunda compersão. E só depois de imenso processamento. Eu não sou um computador. Não tenho que processar tudo para do outro lado me sair a vida feita. Lamento, mas eu sou uma pessoa. Não é suposto passar anos a processar micro-problemas relacionais a cada passo que dou ou alguém dá na minha rede relacional. É um esforço tremendo, é esgotante, é demais. Mas a pressão sempre existiu. A pressão que me coloquei a mim mesma esteve sempre lá. Eu tinha que conseguir não porque os meus companheiros não fossem compreensives, não. Eu tinha que conseguir porque eu não era compreensiva comigo mesma. E não apenas eu, como toda a estrutura se baseava em todes irmos conseguindo, não é? E quando um não consegue, ao fim de algum tempo isso torna-se um problema para os outros. E vai ser preciso falar disso. E quando és sempre tu o problema, começas a achar que tu estás mal e a roda gira sobre si mesma.

Vivi de uma forma que muitas vezes me fez sofrer. E o que é mais triste é que o fiz porque queria, porque o escolhi e porque achava que sofrer fazia parte da lógica. Porque existem todas aquelas ideias bonitas que dizem que tudo o que vale a pena custa sempre, sobre nenhuma relação ser fácil, sobre lutar e desconstruir e todos os livros diziam isto e estavam ali tão disponíveis para te ajudar a superar cada dia o sofrimento todo. Portanto, sofrer era normal, toda a gente tinha dificuldades, poly dá trabalho, e então era suposto eu ter trabalho, era suposto ser difícil, era suposto continuar a trabalhar para superar tudo o que doía.

Até te afogares. E descobrires que não dá mais. E parares de ir buscar a resposta ao próximo livro ou artigo bem intencionado. Até te perguntares se o problema era mesmo teu ou se é mais alguma coisa, uma combinação de factores, como esta literatura da treta que ajuda se tu tiveres um conjunto de características e circunstâncias a contribuir também: por exemplo, se fores tu a pessoa que tem os vários parceiros, é mais fácil; por exemplo, se não tens tendência para te comparar compulsivamente com toda a gente, és capaz de conseguir; por exemplo, se insegurança não faz parte de ti como parte quase integrante, és capaz de superar um ou outro problema. Ou se não tens, nem nunca tiveste ciúmes. Ou se adoras que a tua companheira te conte absolutamente tudo o que fez com a nova pessoa que está a conhecer. Se preferes saber e isso te acalma em vez de te causar um ataque de ansiedade tão grande que sentes que regrediste três anos de percurso e te passou um camião em cima. Ou se realmente consegues que doa cada vez menos e que seja cada vez mais simples. Mas e quando não consegues nada disto? Quando em vez de melhor ficas pior? Quando percebes que não estás sequer a ter o que precisas na relação? Quando reparas que quanto mais amas livremente e te amam livremente, menos especial te sentes? Porque sim, ninguém te substitui, ninguém pode ser quem tu és, mas quem tu amas pode fazer, sentir, dizer tudo igual – a outra pessoa. E se o que isso te faz sentir não é de todo positivo? Se te faz perder o sentido de tudo e perguntar: então mas que raio estou a fazer contigo, se tudo pode ser equivalente?

Não, não é sempre mais desconstrutivo e revolucionário ser não-monogâmico. Não estou a dizer que fujam do poliamor e virem todos monogâmicos. Não. Estou a dizer que se forem poly, mono ou outra coisa qualquer, sejam-no só porque é o que querem, mas mais que isso, porque o sentem. Não deixem a cabeça mandar sozinha, porque querer é uma coisa, sentir é outra. Eu levei todo este tempo a perceber que a minha mente queria fazer as coisas de uma forma que torturava o meu coração. Se recorrentemente te acontece sentires que não és poly, não cales essa voz. Se recorrentemente sentires que não és mono, não cales essa voz. Se não te sentes mono ou poly, se calhar é porque simplesmente não és. Não implica que nunca venhas a ser. Implica só que neste momento não és e não vem mal ao mundo por isso. Por muito que custe, por muito desamparados que nos sintamos, é sempre possível mudarmos o que parece imutável.

Vamos parar de ignorar a nossa intuição, aquela voz pequenina que às vezes nos diz que algo não está bem e que tenta avisar-nos mas nós calamos tanta vez. Às vezes temos mesmo que a ouvir. Às vezes não é para lutarmos. Nem enfrentarmos todos os medos. Às vezes aquele medo está lá para te dizer que não é suposto tu estares. Às vezes o melhor para ti é mesmo ir embora.

Em última análise – e mesmo sem análise nenhuma – se não faz sentido – e aqui sentido é de sentir, mesmo, e não de ter lógica, esqueçam a lógica e a necessidade de ser coerente, porra isto não é um teste – dizia eu, que se não te faz sentido, então não adianta estares a tentar ser revolucionária. Se calhar a coisa mais revolucionária que podes fazer é dizeres isso. Isto não me faz bem, vou-me embora. Isto não me faz bem, então vou optar por procurar outros caminhos para mim. Os ideais são essenciais na vida, fazem-nos aspirar a algo maior que nós, e lutar para mudar este mundo, mas nenhum ideal deve vergar a nossa vida. Nenhum ideal se pode sobrepor à minha integridade. Alguns diriam que sim. Alguns morreram por ideais. Eu não quero morrer por um ideal, e se morresse por algum preferia que fosse o feminismo – aquele que eu defendo, aquele que faz todos os sentidos e mais algum, os do sentir, os do direito, os da lógica. Mas não, eu não quero morrer por nenhum ideal. Nem anular-me, a mim, aos meus desejos, aos meus sentimentos.

Nós não amamos só com a cabeça. A cabeça deve fazer parte, para não amarmos de forma cega ou destrutiva, mas a cabeça é uma parte muito pequena do amor. Eu tentei amar com a cabeça e deu nisto. Verguei o coração à cabeça e, como músculo que é, tentei trabalhá-lo para a jornada diária do amor poly, para os seus muitos desafios sucessivos intermináveis. E ele, o meu coração, resistiu bravamente, mas acabou a ter uma ruptura de ligamentos e nunca mais ficou o mesmo. E eu não quero submetê-lo novamente a uma provação com tantas etapas como esta.

Eu não sei se sou monogâmica, ou o que quer que seja. Sei o que não sou, que é como o outro dizia, sei por onde não quero ir. Não sou hetero. Não sou poly. 

Depois de ter desconstruído tudo, o que é que sobra? Dar um passo atrás. Respirar. Ganhar outra perspectiva. Questionar tudo o que achei que eram verdades absolutas sobre mim.

Acreditar que, se calhar, o que vale a pena não tem que custar coisa nenhuma. Não tem que custar. Ponto.

Eu tratei o amor como um emprego. E despedi-me no fim, sem indemnização.

Amor não é amor se não for amor por mim primeiro, amor a quem sou, e verdade para quem sou, mesmo que a verdade possa mudar comigo. Caso contrário, não é amor, é desamor mesmo.

Imagem: http://bit.ly/2xrBAHF

Nota: se gostas da minha escrita e gostavas de apoiar o meu trabalho como escritora de ensaios e ficção, podes fazer uma contribuição de qualquer valor neste link.

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8 responses to “Já não sou poliamorosa. E não faz mal

  • Miguel

    Oi. Não te conheço. Nem conheço muito sobre o polyamor. Mas se posso opinar, há algo que tens obrigação de tentar ser, que é feliz. Não à custa dos outros, mas com os outros. Só podes conseguir isso estando em paz contigo mesma, sendo tu mesma. Se encontrares -te te custou anos de luta, a recompensa não foi pequena. Não querendo minimizar nada. Fico a torcer por ti.

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    • Fhrynne

      Olá Miguel
      Concordo com tudo, excepto com a ideia de que tenhamos obrigação de ser feliz, especialmente como a felicidade é entendida como um formato fits-all. Eu gosto de pensar um bocadinho a minha felicidade, de problematizar esse discurso, porque penso que não é assim tão linear. O estar bem comigo é essencial, independentemente de uma qualquer ideia/ideal de felicidade. Obrigada pelo comentário!

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  • Pete Stream

    “I find truth in observation not opinion ”
    –Anthony De Mello

    Inês,

    Todos temos nosso caminho pessoal que, por definição, é único, intransmissível.

    Na vida a única certeza que temos (para além da morte) é a mudança. Não é uma conclusão de hoje, os textos bíblicos demonstram isso amplamente (ex: Ecl 3, 1-8) ou, muito mais recentemente, Luís de Camões no seu soneto ‘mudam-se os tempos mudam-se as vontades )

    A procura de um sentido de vida é universal para todos os que estão despertos. E a autora tem o mérito de se assumir sem certezas, o que é muito raro numa pessoa nos seus 20-something.

    A busca do Amor está ‘in-natura’ no Ser Humano. A começar pelo Amor Próprio. Não podemos amar outros sem primeiro nos amarmos a nós próprios. Não é possível nem saudável estar de “bem com os outros e de mal conosco próprios”… Amar e ser amado, parece kitsch mas é tão natural quanto o ar que respiramos, a essência da vida. O Amor é a resposta. E ao dizer isto, ecoam os acordes de “All you need is love”…

    Sem qualquer juízo de valor, deixo uma salva de palmas pela sua coragem de assumir a desconstrução da sua imagem. Requer muita coragem e honestidade para o fazer, coragem para renascer das cinzas. Coragem para fazer de cada novo dia uma janela de oportunidade para o crescimento pessoal.

    P.

    PS Vc escreveu: ‘Tudo é perene, vivemos vidas perenes, as nossas identidades são perenes, como o são as nossas relações e contextos. A vida é fluida, é mudança constante, mesmo que não notemos, como é que querem que a identidade não seja? O que eu queria aos 16 anos não é o que eu quero agora, salvo alguns sonhos, esses que ficam toda uma vida, crescendo connosco. Eu mudei, as minhas identidades mudam comigo, até os sonhos se transformam e ganham outros contornos, outras profundidades.’

    Não será antes “EFEMERO”? O sentido da frase e de todo o texto aponta nesse sentido…

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  • Helena Raposo

    Cara Inês,

    Por acaso não tem este texto em inglês? Gostava de partilhar com uma pessoa…

    Obrigado!
    Hr

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  • Inês Moreira Santos

    Que belo texto. É verdade, o amor não vem nos livros e o mais importante é seguir o que sentimos. De resto, estamos em constante mudança e o importante é como te sentes hoje. No meio de toda a tristeza e destruição que possas ter sentido, o importante é que te encontraste e seguiste aquilo que és. Ninguém precisa de etiquetas. Sê como te sentires bem.

    Um grande beijinho.

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